Vamos começar pela definição. Dieta cetogênica é aquela estratégia alimentar que vai levar seu corpo a um estado de cetose, que é quando a gordura é convertida em corpos cetônicos pelo fígado afim de gerar energia quando você está no estado de jejum ou com pouca glicose disponível no organismo. Lembrando que que nossas principais fontes de energia no corpo são a glicose e os ácidos graxos (gordura). Corpos cetônicos são pequenas moléculas formadas por 4 carbonos e 3 no caso da acetona, que podem ser utilizadas como fontes de energia pelo cérebro e coração na falta da glicose. São eles o ACETOACETATO, o BETA-HIDROXIBUTIRADO e a ACETONA. A acetona é produzida em menor quantidade e eliminada na respiração (por isso aquele aroma característico na boca de quem está em cetose), e os outros dois compostos são transportados pela corrente sanguínea para suprir os outros órgãos e tecidos. Todos nós temos corpos cetônicos circulando no corpo, só que em pequena quantidade, quando acordamos, por exemplo, estamos em estado de algumas horas de jejum, então acordamos em cetose, porém bem leve.
A dieta cetogênica é aquela em que a quantidade máxima de carboidratos (CHO) é de até 40g/dia ou de 5% a 10% das calorias provenientes do CHO. Logo, é possível notar que é uma dieta, baixíssima, bem restrita na quantidade de CHO, enquadrando-se na definição de DIETA LOW CARB, porém, devemos atentar para o seguinte, nem toda dieta low carb é cetogênica, já que é admitido em algumas definições até 130 g/dia de CHO nesse tipo de dieta. Outro detalhe importante é que a dieta cetogênica é riquíssima é gordura, mais de 80% do total das calorias devem ser provenientes de fontes de gordura, se tornando um pouco difícil de manter por muito tempo, já que pode causar episódios de náuseas, vômitos e diarreia, também haverá uma maior supressão do apetite, já que a gordura é a maior responsável pela saciedade, logo, quem segue esse tipo de estratégia alimentar sente, naturalmente, menos fome.
Muita confusão acontece em torno do termo CETOSE e CETOACIDOSE, então torna-se importante esclarecer. Cetoacidose é quando há uma intoxicação por corpos cetônicos, taxas muito altas desses ácidos se acumulam no sangue por causa da FALTA DE INSULINA, ocasionando vários sintomas como, confusão mental, respiração acelerada, dores abdominais e perda de consciência, podendo levar a morte se não for tratada imediatamente com insulina e essa condição pode ocorrer em pacientes diabéticos, naqueles que são dependentes de insulina. Na cetoacidose os níveis de corpos cetônicos se elevam em cerca de 40 VEZES mais do que a quantidade normal, porém é fundamental saber que esse nível NÃO é atingido pela dieta cetogênica ou no jejum em pessoas com condições de saúde normais, por isso não tem necessidade dessa preocupação.
Na prática, essa dieta é bem restrita, você irá consumir quantidades grandes de gorduras, de preferência SAUDÁVEIS, como por exemplo, ovos, abacate, coco, manteiga, azeite de oliva, derivados lácteos integrais, carnes com gordura, peixes gordos, frango com a pele, banha de porco para preparo de comidas, bacon, entre outras. É importante evitar as fontes de gordura altamente inflamatórias, como os óles derivados de sementes, por exemplo, óleo de girassol, de milho, de canola, de soja e também a gordura trans. O mais importante e que vai ter que ser muito bem contabilizado é a quantidade de carboidratos ingerida no dia, pois, se passar da quantidade estabelecida você poderá sair do estado de cetose, já que ele só acontece de forma ACENTUADA (que é o objetivo dessa dieta) quando os estoques de glicose estão muito baixos. Não há tanta preocupação com a ingesta de proteínas já que grande parte das fontes de gordura são, naturalmente, fontes de proteínas.
É imprescindível saber que estar em estado de cetose não é essencial para perda de gordura, você consegue perder gordura apenas reduzindo a quantidade de carboidratos da sua alimentação, sem ser de forma tão restritiva, a medida que você os reduz seu corpo vai começando a usar a gordura também como fonte de energia. Esse tipo de dieta é comprovadamente eficaz em pessoas que tem quadros de epilepsia, inclusive, ela foi desenvolvida para este fim. Hoje há estudos, alguns ainda em andamento, sugerindo que ela também seria eficaz em quadros de enxaqueca, na doença de Alzheimer, na doença de Parkinson e no câncer.
Se o seu objetivo é perder peso, essa é uma boa estratégia por um período de tempo, porém, não é a única, comece pelo básico, investindo em comida de verdade, aquela que você encontra na feira e no açougue, eliminando o máximo de industrializados possíveis da sua alimentação, retire também o açúcar e as farinhas refinadas, observe em casa se você tem mais alimentos na sua geladeira do que na sua despensa, isso indica que está no caminho certo e muitas vezes, apenas isso, já é o suficiente!
Nízia Mayra de Oliveira
Nutricionista Clinica e Comportamental
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