A obesidade é considerada atualmente uma doença nutri-neuro-imuno-endócrino-metabólica. Ou seja, tem caráter multifatorial e requer um meticuloso manejo nutricional para ser adequadamente tratada e controlada. A visão simplista de apenas reduzir calorias e aumentar exercícios físicos para emagrecer está obsoleta há muito tempo. Hoje as interações entre genes e nutrientes estão tendo grande foco nas pesquisas científicas, visto que certos nutrientes conseguem modular vias metabólicas que acarretam expressões gênicas específicas, que podem levar a condições de saúde ou de doença. É o que se estuda na Nutrigenômica.
Existem polimorfismos genéticos que tornam algumas pessoas mais predispostas à obesidade em relação a quem não os tem (ex.: variação no gene FTO ou em genes relacionados com o controle do apetite, ou com a adipogênese). Porém a manifestação da doença ocorre quando os indivíduos (quer tenham ou não bagagem genética para tal) estão inseridos em um ambiente obesogênico, que inclui condições má alimentação, sedentarismo, exposição à disruptores endócrinos, estresse etc. Em contrapartida, fatores como consumo adequado de vegetais, saúde intestinal, prática regular de atividade física, sono satisfatório e controle do estresse estão relacionados negativamente com a obesidade — mesmo em portadores de genes candidatos à doença.
O que isso quer dizer? Que você pode ter predisposição para se tornar obeso e ainda assim conseguir evitar isso escolhendo viver saudavelmente. Sabe por que? Porque genética não é destino! E a boa notícia é que já foram identificados diversos nutrientes capazes de modular genes. Por exemplo, o uso de dl-fenilalanina, l-tirosina, cromo e alguns adaptógenos que geram aumento de dopamina, podem aumentar a transcrição gênica do receptor D2 de dopamina (DRD2). A redução/polimorfismo do DRD2 está relacionada com um comportamento compulsivo e com um desejo aumentado de comer carboidratos, e a multiplicação desse receptor, bem como sua adequada ligação com a dopamina, levará a um estado de prazer, atenuando o quadro compulsivo. Isso é modulação neuroquímica, isso é Nutrição Funcional!
Assim, a ingestão apropriada (dietética, suplementar) de nutrientes-chave desempenha um papel fundamental na prevenção ou tratamento da obesidade. E o que é apropriado para um pode não ser para outro devido justamente às variações genéticas e bioquímicas. Lembrando que não necessariamente se tem que fazer exame de mapeamento genético; não é obrigatório, é interessante. Cabe então ao nutricionista avaliar e definir as melhores estratégicas nutricionais para essa doença tão prevalente mundial e nacionalmente falando. Muitas vezes é importante o trabalho em conjunto com outros profissionais, como endocrinologistas e psicólogos, para que a terapêutica se torne mais eficaz.
Texto elaborado por:
Dra. Adriana Jerônimo – Nutricionista Clínica Funcional
www.adrianajeronimo.com.br / @adrianajeronimonutri
Bibliografia consultada:
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Deram, S; Villares, SMF. Genetic variants influencing effectiveness of weight loss strategies. Arq Bras Endocrinol Metab. 2009; 53/2
Naves, A. Nutrição Clínica Funcional: Obesidade. VP editora, 2014. 450p.
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