Se existe algo inversamente proporcional à vontade de levantar cedo da cama para treinar, só pode ser a vontade de comer doce – que aparece sem medo de prejudicar a rotina saudável, não é mesmo? Não é exagero dizer que ela está entre as principais inimigas de muita dieta. Brincadeiras à parte, é necessário entender que esse sentimento é comum, mas não a ponto de causar dependência.
A vontade de comer alimentos com açúcar é normal, faz parte do nosso organismo. Até porque ele pode agir como um dos responsáveis pela produção de dopamina, hormônio conhecido por nos trazer sensações de felicidade, prazer e satisfação. No entanto, o excesso de dopamina pode ser prejudicial ao cérebro, assim como o consumo exagerado de açúcar pode causar várias doenças, sendo a obesidade a principal delas.
Por isso, assim como todo alimento que pode compor a sua alimentação diária, o açúcar precisa ser visto como um aliado ao invés de inimigo. Aliás, ele está presente em um montão de alimentos saudáveis, sabia? O seu consumo adequado não oferece nenhum malefício, o problema é sempre quando ele acontece em excesso.
A compulsão pelo sentimento momentâneo de recompensa que os doces trazem além do agradinho ao paladar pode se tornar um problema quando não controlado. Mas e como eliminar a vontade de doce? Além de focar em alimentos que reduzem a vontade de comer doce, é importante entender os possíveis fatores causadores desse desejo e como contorná-los a favor da sua saúde e bem-estar. Acompanhe para saber mais com as dicas da nutricionista Nathállia Jordão.
O que fazer com a vontade de comer doce?
“Acredite, é mais comum do que você imagina. É normal sentir aquela vontade de comer um docinho em determinados momentos, claro, dando aquela sensação incrível de prazer. O que acontece é que o açúcar presente nos doces, tem capacidade de ativar o centro de recompensa do cérebro, causando uma sensação de prazer, satisfação e de ‘quero mais’. Entretanto, se essa vontade se tornar constante ou descontrolada, a ingestão excessiva de açúcar aumenta os riscos de desenvolver doenças não transmissíveis, como por exemplo, obesidade, doenças cardiometabólicas e doenças dentárias.”, comenta a nutricionista.
Por essas e outras que o consumo de todos os alimentos deve ocorrer de forma comedida e equilibrada, buscando sempre fazer da alimentação uma aliada da sua saúde. A nutrição como um todo busca o equilíbrio entre uma boa alimentação e o bem-estar do ser humano – e os doces são parte fundamental do bem-estar.
Portanto, você novamente pergunta “o que fazer com a vontade de comer doce?” E, por incrível que pareça, a resposta pode ser, de forma simples e curta, comer doce numa quantidade comedida e satisfazer a sua vontade. No entanto, é necessário identificar o que é vontade e o que é necessidade, traçando uma linha onde ambas se encontram de forma saudável.
Fazendo uma análise com ajuda profissional, você perceberá que a sua vontade nem sempre anda de mãos dadas com a necessidade, mas não é por isso que você deve se negar a atendê-las também. A vontade de comer doce é um resultado químico do seu corpo, que anseia pelo consumo de açúcar para trazer aquela sensação de recompensa e de bem-estar, mas há situações em que esse sentimento é extrapolado por fatores diferentes. Ninguém precisa banir o doce totalmente da vida. Muitas vezes, a melhor estratégia é investir no docinho saudável, ou porções menores.
Quando a vontade de comer doces é excessiva, pode haver algo de errado no seu organismo e essa vontade é derivada de uma tentativa de compensar algo que está faltando no sistema. O corpo tem suas próprias maneiras de se comunicar e essa pode ser um alerta de carência de certos nutrientes ou até mesmo de falta de energia, causando essa vontade por doce como alternativa para obter combustível para o dia-a-dia.
Mas é preciso tomar cuidado, pois dormência e formigamento dos membros, visão turva, sede em excesso e cansaço contínuo são sintomas de comer muito doce. Ainda por cima, isso pode resultar em hiperglicemia, diabetes, obesidade, entre outros.
Qual falta de vitamina dá vontade de comer doce?
Conforme já comentamos, a vontade de comer doce pode ser um aviso do seu organismo que algo está errado. Pode ser acúmulo do próprio açúcar ou deficiência de algum nutriente. Geralmente essa vontade está atrelada à falta de energia no corpo, ou seja, ele cria esse impulso para incentivá-lo a consumir alimentos com energia acumulada. Mas também pode ser falta de vitaminas e nutrientes.
Então, a vontade de comer doce é falta de qual vitamina? A nutri Nathállia explica: “Embora não haja uma vitamina específica que esteja diretamente associada à vontade de comer doces, alguns estudos sugerem que deficiências nutricionais, como falta de cromo, magnésio ou triptofano, podem contribuir para o aumento dessa vontade. No entanto, é importante lembrar que a vontade de comer doces não é exclusivamente causada por deficiências vitamínicas, mas também por fatores emocionais, comportamentais e hábitos alimentares.”
Como reduzir a vontade de doce?
Apesar da boa intenção de diminuir aquela vontade incessante de consumir doces, não há um remédio caseiro para tirar vontade de comer doce, pois isso lida com o comportamental, com a mentalidade e o autocontrole também. Se você estiver saudável, essa vontade de doce é contornável e justificável até certo ponto. Caso esteja beirando a compulsão alimentar, é necessário reavaliar as opções para evitar prejudicar a sua saúde.
Além disso, há o que chamamos de substituições saudáveis, que é quando encontramos outras formas de saciar a vontade de algum alimento que não é exatamente uma fonte de nutrientes por outro semelhante e mais saudável. Frutas e chás são alguns exemplos que possuem características semelhantes aos doces e podem servir como munição nesses momentos.
Não é como se houvesse uma categoria de fruta ou chá que tira a vontade de doce, mas o consumo desses alimentos acaba por muitas vezes acalmando os ânimos e dando tempo ao corpo para analisar melhor a situação. Compreender o que está acontecendo ao seu redor e o que pode estar causando o sentimento atual são mecanismos excelentes para evitar exageros e consumos desenfreados de certos alimentos.
Abaixo, listamos algumas dicas da nutricionista Nathállia Jordão:
- Faça refeições balanceadas: Certifique-se de incluir fontes de proteína, fibras (como aveia e psyllium), além de gorduras saudáveis em suas refeições (como o azeite). Isso ajuda a manter a saciedade e reduzir a vontade de comer doces;
- Opte por alimentos naturais e integrais: Escolha opções mais saudáveis, como frutas frescas, iogurte natural, castanhas ou sementes, em vez de doces industrializados;
- Controle o estresse: Sim, sei que é difícil, mas é possível e é o melhor para a sua saúde física e mental. O estresse pode levar ao aumento da vontade de comer doces de forma compulsiva. Busque maneiras de lidar com o estresse, como praticar exercícios físicos, meditação ou hobbies relaxantes;
- Estabeleça horários regulares para as refeições: Comer em horários fixos ajuda a regular o apetite e a evitar picos de fome que podem levar ao desejo de comer doces;
- Durma o suficiente: Pois é, a falta de sono adequado pode afetar os hormônios relacionados à fome e saciedade, aumentando a vontade de comer doces. Por isso, durma bem!
- A ordem pode te ajudar: Caso queira consumir algum doce, busque ingeri-lo logo após o almoço e não antes. Assim, ele não vai oferecer um pico glicêmico, pois você consumiu uma grande quantidade de fibras, proteínas e gorduras “junto” a ele. Outra possibilidade, é comer um doce antes/após o treino;
- Faça trocas: existem produtos adoçados com adoçantes, que podem ser úteis em saciar sua vontade de doces, como chás. Pergunte ao seu Nutricionista sobre possibilidades que podem ser ajustadas à sua rotina.
- Faça trocas: existem produtos adoçados com adoçantes, que podem ser úteis em saciar sua vontade de doces, como chás. Pergunte ao seu Nutricionista sobre possibilidades que podem ser ajustadas à sua rotina.
Por que sentimos vontade de comer doce após as refeições?
Uma dúvida muito comum no consultório de nutrição e que atinge muita gente: por que sentimos vontade de comer doces após as refeições?
Porque durante o processo de digestão os estoques de serotonina ficam diminuídos, o que faz com que o organismo busque captar rapidamente o triptofano para nova produção desse neurotransmissor. O cérebro avisa desse processo provocando desejo por carboidratos como doces, pois a glicose aumenta a disponibilidade cerebral do triptofano, que é captado pelos neurônios, produzindo serotonina.
Tanto o açúcar dos doces quanto o dos carboidratos têm esse efeito (pois ambos têm como resultado final da digestão a glicose). No entanto, o açúcar dos doces chega à corrente sanguínea mais rapidamente, pois trata-se de um carboidrato simples, que é digerido e absorvido mais rapidamente pelo organismo.
Quando nos alimentamos, ocorre liberação de hormônios e neurotransmissores para que as alças intestinais se movimentem. Um dos neurotransmissores mais atuantes na transmissão de mensagens entre os neurônios do aparelho digestivo é a serotonina. Além de atuar no trato gastrintestinal, a serotonina desempenha um importante papel no sistema nervoso, como a liberação de alguns hormônios, a regulação do sono, a temperatura corporal, o apetite, o humor, a atividade motora e as funções cognitivas.
Por isso, quando a serotonina é secretada pelo intestino, ocorre uma diminuição de seu estoque, e sua reposição depende da ingestão de alimentos ricos em triptofano, pois esse é um aminoácido essencial que não é produzido pelo organismo. Estudos têm demonstrado a associação da glicose com o aumento da disponibilidade de triptofano. No entanto, esse aminoácido pode ser encontrado em outros alimentos como aveia, banana, folhas verdes escuras, arroz integral, frutas cítricas, oleaginosas e derivados do leite. O chocolate, além de conter triptofano, contém tirosina, outra substância que também estimula a produção de serotonina. Mas todos devem ser consumidos com moderação.
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Com informações das nutricionistas:
Nathállia Jordão – CRN: 18101705 ANA PAULA BRAUN – Nutricionista clínica, funcional e esportiva.