Como nutricionista, é mais do que provável que você já conheça o conceito de rastreabilidade alimentar, mas é muito provável, também, que a maioria dos seus pacientes não saiba bem o que o termo significa e como a rastreabilidade pode ser benéfica para uma alimentação saudável. Em junho de 2015, a Agência Nacional de Saúde Sanitária (ANVISA) aprovou a norma de recall de alimentos, inclusive in natura, que obriga as empresas a terem um plano de recolhimento de produtos e um rastreamento de toda a cadeia de produção.
Por outro lado, em 2014 o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) já havia lançado a campanha “De onde vem?” como forma de conscientizar o consumidor sobre a importância de conhecer a origem dos alimentos, não apenas para agilizar o recall de produtos impróprios, mas também incentivar o consumo consciente, evitar o trabalho escravo e o uso desenfreado de agrotóxicos, por exemplo. Para o consumidor, as vantagens não param por aí, já que fica muito mais fácil, ao rastrear as etapas de produção do alimento, identificar alergênicos que possam estar presentes na produção.
Possibilidade de optar por produção local
A campanha “De onde vem” traz informações bastante interessantes: de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, em 2013, por exemplo, 21% das libertações de trabalho escravo aconteceram justamente nas lavouras, índice que perde apenas para o da construção civil. Já segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário, a agricultura familiar é responsável por 70% dos alimentos consumidor no país e representa 84% do total de estabelecimentos agrícolas, mas ocupa apenas 24% das terras agricultáveis. Com a rastreabilidade é possível escolher alimentos produzidos localmente, com menos gasto de gás carbônicos.
Menos agrotóxicos, mais saúde
Sustentabilidade também é saúde, claro, é impossível ser saudável em um planeta doente – o que tem relação direta com a quantidade de agrotóxico usada na produção de alimentos. Segundo a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), desde 2008 o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. É dever do nutricionista informar a seus pacientes os riscos que estes produtos trazem para o organismo e por que é tão importante reduzir o seu consumo. A rastreabilidade alimentar permite ao consumidor saber, além do local de origem do produto, se foram aplicados agrotóxicos ou não.
Recall muito mais rápido e seguro
A rastreabilidade é também a principal fonte para a norma da Anvisa, que permite não apenas o recolhimento ou recall dos alimentos que estejam em situações que possam envolver riscos para a saúde da população, mas também identificar todos os lotes e o local de produção que deve ser monitorado. Hoje, todas as empresas devem manter um registro que identifique a origem dos produtos recebidos e o destino dos distribuídos, mas nem sempre foi assim. De acordo com o relatório de análise de resíduos agrotóxicos em alimentos da ANVISA (coletado em 2012), foi possível identificar a origem do produto em apenas 36% das amostras coletadas e 25% de todas as amostras mostraram um uso abusivo de agrotóxicos.
Consumo consciente
Embora a rastreabilidade de alimentos ainda não seja obrigatória no Brasil, há muitos produtores voluntariamente instalando a rastreabilidade em sua cadeia de alimentos. Além disso, medidas como a da ANVISA de recall de alimentos, campanhas de conscientização como a da IDEC, ou o Programa de Rastreabilidade e Monitoramento de Alimentos (RAMA), voltada a supermercados, mostram que há movimento na área. A escolha de seus pacientes por produtos mais seguros e saudáveis pode ajudar no sucesso do tratamento e nada melhor do que uma orientação que o incentive a pesquisar sobre o que irá consumir. Para ele, mais do que uma novidade interessante, isso pode significar uma mudança de comportamento e de hábitos alimentares.
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