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Adaptação das práticas alimentares pode ser o gatilho para hábitos alimentares mais saudáveis

Ficar em casa vem transformando hábitos simples do estilo de vida, em especial, àqueles relacionados ao comer. Mais tempo para se alimentar, pode significar mais tempo dedicado ao preparo das refeições e alimentos feitos em casa, o que segundo o guia alimentar para a população brasileira, é uma prática essencial para a manutenção de uma alimentação mais saudável e rica nutricionalmente.

Entretanto, é notável o aumento de idas e vindas à cozinha a qualquer hora para beliscar, na maioria das vezes produtos de pacotes, que tendem a ser ricos em gordura, açúcar e sal, por prazer ou vontade de comer.

Para evitar que a situação seja desfavorável à manutenção do peso e aos equilíbrios metabólicos, é imprescindível que se faça uma reflexão sobre as práticas alimentares que estamos adotando a fim de promover uma repetição consciente daquelas que sustentem uma alimentação equilibrada.

Mesmo que o confinamento tenha perturbado os horários habituais, a falta de momentos e pausas para comer pode desajustar a rotina alimentar e aumentar a frequência do consumo de snacks ao longo do dia. Tentar manter o ritmo das refeições, sem pular o café da manhã e fazer pausas para o almoço e o jantar, colabora com a manutenção da ingesta alimentar sem grandes perturbações. Assim como se permitir fazer lanches, com moderação, de acordo com a fome entre as refeições principais.

O acesso limitado a alimentos frescos pode comprometer a capacidade de continuarmos com uma dieta saudável e variada. No entanto, a compra de opções ainda verdes, o correto armazenamento para mantê-los frescos por mais tempo e o congelamento após o branqueamento estão sendo práticas aliadas à contínua disponibilidade.

O comportamento de compra motivado pelo pânico pode ter consequências negativas, tanto pela necessidade de comprar grandes quantidades de alimentos de longa vida de prateleira e gerar desperdício, como pelo excesso de consumo destes alimentos de baixo valor nutricional. Contudo, a organização da despensa antes da compra evita o desperdício de comida e permite que outras pessoas também tenham o acesso a comida de que precisam.

Além disso, o planejamento das refeições também é um comportamento positivo em relação ao desperdício de alimentos e à variação de gostos e sabores. A participação de todos os membros da casa na elaboração do planejamento e na preparação dos pratos possibilita que pratos afetivos apareçam na rotina alimentar, sendo a oportunidade perfeita para fortalecer os relacionamentos familiares.

A comida nunca esteve tão presente em nossas vidas. Portanto, aproveitar de modo inteligente o fato de ficar em casa pode aumentar a qualidade das práticas relacionadas ao comer. Saber gerenciar a disponibilidade alimentar e readaptar comportamentos relacionados sejam um dos maiores desafios para preservar a boa saúde física e psicológica.

Comentário sobre a relação entre sobrepeso/obesidade & Covid-19 – fator agravante


Atualmente pessoas em sobrepeso (IMC entre 25-30 kg/m2) ou obesas (IMC acima de 30 kg/m2) representam grande proporção do total de pacientes hospitalizados em estado grave, independentemente da idade. Isto nos indica que pessoas acima do peso estão mais vulneráveis a serem atingidas de forma mais grave e apresentarem maiores complicações caso venham a se infectar pelo SARS-CoV-2.

A razão disso? Ainda não temos uma resposta em comum com comprovação científica, mas há múltiplas suposições: sabemos que a obesidade por si só pode vir acompanhada de outras comorbidades graves como hipertensão, diabetes e dislipidemia e que o excesso de gordura é associado a um padrão respiratório restritivo (menor capacidade pulmonar). Destaco também que duas fortes possíveis razões sejam:

1) O fato de que pessoas obesas apresentam uma disfunção no sistema imunitário, ou seja, as células encarregadas para atacar os agentes infecciosos – as células dendríticas e os linfócitos “helpers”-, já apresentam suas atividades fortemente reduzidas em certos casos de obesidade, e por isso, a capacidade de resposta imunitária seria reduzida igualmente ao tentar combater o vírus, podendo haver a ocorrência de sepse (complicação letal dessa resposta imunitária).

2) Um estado inflamatório crônico agravado, tornando-os mais vulneráveis aos efeitos do covid-19. Numerosos estudos já demonstraram a ligação entre a presença marcante de células gordurosas e um baixo grau de inflamação crônica. Em grosso modo, quando células destinadas a armazenar as gorduras – os adipócitos – se encontram sobrelotadas em gordura, células do sistema imunitário, como os macrófagos pró-inflamatórios e os linfócitos, são atraídas em grande número. Então dizemos que o excesso de peso se relaciona à um estado inflamatório do tipo crônico – de longa duração. Esclareço que a inflamação aguda continua sendo uma reação útil ao organismo, pois é ela que lhe permite defender-se pontualmente contra um acometimento externo, entretanto em pessoas obesas este “estado de alerta” do organismo é constante, permanente.

Por isso, no caso de testarem positivas para o Covid-19, o vírus pode agravar a inflamação. Essas hipóteses poderiam justificar os casos mais graves vistos em pessoas em sobrepeso ou obesidade. Por isso é necessário reforçar a prioridade em manter-se em uma dieta adequada e equilibrada mantendo-se em casa.

Nutricionista Georgia Finardi Di Biagio

CRN: 54523/P

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*O texto é de inteira responsabilidade do(a) autor(a) e não reflete a opinião da empresa. O blog é aberto caso outro(a) profissional queira escrever um contraponto.

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