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Tudo sobre avaliação da interação fármaco-nutriente no idoso

A interação fármaco-nutriente ocorre quando um nutriente ou composto presente nos alimentos interfere nos mecanismos de ação e processos de um fármaco no organismo, podendo reduzir ou aumentar o seu efeito. Também acontece quando um fármaco modifica a função do nutriente no organismo. Os efeitos podem incluir diminuição da ingestão alimentar, sintomas gastrointestinais, alterações na absorção e no metabolismo de nutrientes, prejudicando o estado nutricional. 

            A polifarmácia, a automedicação e os tratamentos farmacológicos de longa duração são condições altamente prevalente em idosos, relacionadas ao aumento da presença de doenças crônicas que ocorrem com o envelhecimento. O risco de eventos relacionados à interação de fármacos com nutrientes aumenta de acordo com a quantidade de fármacos utilizados, a dose e o tempo de uso do medicamento.  

            Um exemplo de uma das principais interações relatadas na prática clínica é quanto ao o uso da varfarina, uma droga anticoagulante oral, administrada na profilaxia e no tratamento de fenômenos tromboembólicos. Recomenda-se um consumo constante em vitamina K na alimentação, encontrada principalmente em vegetais folhosos verde-escuros, como brócolis, couve e espinafre, sem aumento ou oscilações na sua ingestão, pois pode ocasionar um efeito antagônico ao da varfarina, levando a piores resultados terapêuticos associados com alterações na absorção, metabolismo e excreção do medicamento. Desta forma, recomenda-se que qualquer mudança na orientação do consumo de vitamina K, nos pacientes em uso de varfarina, deve ser realizada em conjunto com o médico.

Outro exemplo comum e desafiador na área da gerontologia é relacionado ao uso da levodopa, droga utilizada no tratamento de portadores da Doença de Parkinson. A absorção do fármaco é retardada quando consumido próximo de refeições ricas em proteínas. A ingestão proteica nestes pacientes é de fundamental importância para a manutenção do estado nutricional. Uma estratégia nutricional pode ser distribuir o consumo da proteína ao longo do dia, assim como manter as refeições distantes dos horários da medicação, para minimizar as questões causadas pela absorção. Os melhores resultados terapêuticos tornam imprescindível uma abordagem interdisciplinar.

            A avaliação da interação fármaco-nutriente deve fazer parte do nosso protocolo de avaliação nutricional e é um diferencial no atendimento nutricional geriátrico. Durante a investigação da história clínica e nutricional, devemos identificar todos os medicamentos e os respectivos horários utilizados pelo idoso. A partir das informações coletadas, é preciso analisar as possíveis interações fármaco-nutriente que podem ocorrer a fim de contemplar os cuidados necessários no aconselhamento nutricional.

Destaca-se a importância da participação da família no acompanhamento dos idosos durante as consultas e também na organização e monitoramento da administração dos medicamentos.

 Como nutricionistas, precisamos reconhecer as interações fármaco-nutriente, principalmente aquelas mais frequentes, de acordo com o cenário de atenção à saúde em que atuamos, sempre que possível agindo de forma interdisciplinar, visando otimizar a farmacoterapia e preservar o estado nutricional dos idosos.

Raquel Milani El Kik

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