Sempre tive muito apreço pela profissão do professor. Talvez por isso tenha trabalhado tanto tempo com aulas de inglês, inclusive para pagar a faculdade, e sempre gostei muito desta área. Ao terminar a faculdade, escolhi uma pós graduação em Ensino técnico. Apesar de não ser a primeira especialização que passa na cabeça de um nutricionista recém formado, acredito que quando falamos em reeducação alimentar, devemos usar técnicas específicas, pois, estamos ensinando nossos pacientes a se alimentarem melhor. Alguns estarão ouvindo alguns conceitos pela primeira vez, outros estarão apenas agregando conhecimento. Temos ainda os “repetentes”, que precisam ser alfabetizados novamente por terem um paladar infantil e um grupo muito seleto que tem muito conhecimento sobre alimentação, porém esse conhecimento precisa ser desmistificado em alguns pontos, pois existem muitas informações na rede que não condizem com estudos científicos.
A reeducação alimentar nada mais é que o nutricionista agindo no papel de instrutor, orientando o aluno e o ensinando como se alimentar melhor, o porquê disso e como fazer isso. Existem algumas técnicas em educação que podem e devem ser usadas por profissionais da área de nutrição. A seguir veremos algumas.
História da educação
O marco pioneiro da educação institucional no Brasil só ocorreu quase cinquenta anos após o Descobrimento. Os jesuítas tiveram praticamente o monopólio do ensino regular escolar e chegaram a fundar vários colégios com vistas à formação de religiosos. Nem todos os filhos da elite da Colônia que frequentaram tais colégios queriam se tornar padres, mas eram os únicos colégios existentes. Quando os jesuítas foram expulsos, em 1759, eles tinham aqui no Brasil mais de cem estabelecimentos de ensino, considerando os colégios, as residências, as missões, os seminários e as “escolas de ler e escrever”. Neste momento, o Ministro de Estado em Portugal, empreendeu uma série de reformas no sentido de adaptar aquele país e suas colônias ao mundo moderno, nasceu o que, de certo modo, podemos chamar de ensino público; ou seja, um ensino mantido pelo Estado e voltado para a cidadania. Com a chegada da corte, em 1808, o ensino no Império foi estruturado, então, em três níveis: primário, secundário e superior.
Durante a primeira república A pedagogia que aprendíamos, até então, quase sem muita consciência, através da observação do comportamento do professor, ao qual imitávamos posteriormente uma vez tendo nos tornados professores. A década de 30 trouxe quatro grandes campos de idéias a respeito da educação: ideário liberal, ideário católico, ideário integralista e ideário comunista. A era de Getúlio Vargas foi o grande divisor de águas entre o ensino privado e o público, onde os filhos mais abastados tinham condições de fazer uma especialização e para a classe trabalhadora foram criados os primeiros cursos profissionalizantes, a fim de gerar mão de obra rápida e qualificada. Até esse momento, para a classe proletária, a pedagogia era baseada em transmitir o conhecimento para ser aplicado ao trabalho.
Hoje sabemos que o conhecimento é livre, está na internet de forma gratuita e o paciente está apenas escolhendo o profissional que irá ajudá-lo a escolher a maneira mais saudável e didática de se alimentar. O nutricionista atua como um mentor, orientando e se adequando as necessidades do seu paciente.
Psicologia da educação
Alguns autores foram muito importantes no ramo da psicologia, mas que contribuíram significantemente no âmbito da educação. Piaget (1896-1980) definiu o desenvolvimento como sendo um processo de maturidade do Sistema Nervoso Central a interação social, a interação social e com objetos e a equilibração com seu meio. É um processo biológico. Aprendizagem, para ele, entretanto, seria um processo mais restrito, causado por situações específicas (Como frequentar escola), associado a maturação e o meio.
Vygotski (1896-1934), com sua visão mais determinista, conclui que a diversidade nas condições histórico-sociais em que as crianças vivem preponderam sobre a vida do início das crianças e as oportunidades que se abrem para cada uma delas são muito variadas.
A motivação por aprender nada mais é do que o reconhecimento pelo indivíduo de que conhecer algo irá satisfazer suas necessidades. A motivação está ligada ao autoconhecimento do indivíduo e também dos aspectos inconscientes da sua personalidade. De acordo com a teoria da disciplina positiva, uma motivação baseada em recompensas é muito mais eficiente do que uma punitiva.
Aqui entramos no papel do nutricionista que trabalha com reeducação alimentar. Neste momento, estamos falando de dois perfis. Tanto aquele indivíduo que nunca recebeu aprendizado sobre alimentação quanto aqueles que receberam na infância, porém, precisam passar por uma reciclagem e recordar alguns pontos. Aqui o nutricionista assume o papel de professor e deve levar em consideração suas etapas de vida, sua primeira infância, o quanto ele precisa resgatar deste indivíduo para que ele passe de desenvolvimento a aprendizagem.
Didática
Apesar de Paulo Freire ser conhecido por sua atuação em sair do sistema de ensino bancário e levar o cidadão à educação crítica, onde ele tem total consciência do seu papel na sociedade, quero destacar um outro aspecto em que ele inovou na prática da educação.
Em um primeiro momento, Paulo Freire recolhe informações do cotidiano das pessoas e em segundo, ele estabelece um diálogo, onde o professor não assume mais o papel de único dono da verdade, e o aprendizado vale para todos. Num terceiro momento surge a problematização e o pensamento em conjunto chega a uma solução.
O que quero dizer com isso é que por mais especializações, mestrados e doutorados que um nutricionista faça, ele nunca deve ver o paciente como uma tábua vazia. O pensamento em conjunto em ações de prática que se adequem a sua realidade mais a participação dele em pensar nas soluções viáveis tem muito mais eficácia na reeducação alimentar do que uma prescrição escrita sem a escuta ativa e a palavra do paciente em questão.
Podemos ainda nos apropriar de técnicas usadas em alfabetização, como elementos visuais, flash cards, lâminas, PPTs, recursos tecnológicos como aplicativos entre outros. Sempre lembrando que o paciente é um ser que vive em determinado ambiente e deve ser o protagonista daquela ação e para cada indivíduo um recurso apropriado.
Cada ação deve ser pensada anteriormente e deve-se criar um planejamento de ensino. As ações não devem ser repetitivas e deve-se anotar em uma escala individual de 0 a 10 o quanto o paciente gostou daquele treinamento, a fim de produzir cada vez mais conteúdos melhores e mais adequados.
Referências
GHIRALDELLI JR., Paulo. História da educação Brasileira. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2006.
DAVIS, Cláudia e OLIVEIRA, Zilma. Psicologia na Educação. São Paulo: Cortez, 1995.
GOMES, Heloisa Maria; MARINS, Hiloko Ogihara. Ação docente na educação profissional. São Paulo: Senac, 2003. Disponível em < http://books.google.com.br/books?id=zGQ0ujWTPgQC&pg=PP4&lpg=PP4&dq=livro+a %C3%A7%C3%A3o+docente+na+educa%C3%A7%C3%A3o+profissional&source=bl& ots=AFygPXe_g- &sig=Cx3H5GsGipc81mX6yCo4yuU4rOM&hl=pt&sa=X&ei=ZXBrUYyQHoai9QSU9IGw Cg&sqi=2&ved=0CDoQ6AEwAA> Acesso 15 abr 2013.
Nutricionista: Lilian Costa Gurgel do Amaral – CRN: 13100212
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