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Dieta mediterrânea: o que é, benefícios e como fazer

Uma dieta que foi eleita patrimônio da humanidade, que todos nós já associamos à uma alimentação saudável e a diversos benefícios para a saúde. Essa alimentação tem origem na região banhada pelo Mar Mediterrâneo, que engloba o Itália, Espanha, Grécia, Egito, Líbia, Marrocos, Turquia e Líbano, apesar desses países possuírem culturas alimentares diferentes, estão localizados em uma região com clima similar que possui ingredientes em comum. É sobre ela que vamos falar hoje, a queridinha dos cientistas: a dieta mediterrânea. Mas ao invés de falar só sobre seus benefícios e quais são os elementos que a compõem vamos trazer uma reflexão. Será que a dieta do mediterrâneo funciona em regiões fora do mediterrâneo?  

História da dieta mediterrânea 

O termo foi criado após o Estudo dos 7 países (Japão, Finlândia, Holanda, EUA, ex-Yoguslávia, Itália e Grécia), na década de 50, liderado pelo fisiologista Ancel Keys. Neste estudo foi verificado que na região do mediterrâneo tinha uma prevalência muito pequena de doenças cardiovasculares comparado com outros países do mundo. Apesar, de cada um desses países possuírem uma cultura alimentar diferente, foi observado que todos tinham em comum alguns ingredientes.   

Depois dessa descoberta, diversos cientistas comprovaram os achados de Keys e descobriram mais benefícios dessa dieta, os principais compostos bioativos, que explicam os benefícios para a saúde deste padrão alimentar. São eles: antioxidantes, fibras, ácidos graxos monoinsaturados e ômega 3, fito esteróis e probióticos. Na verdade, mais que uma dieta, é um estilo de vida. Afinal, a base da pirâmide da dieta mediterrânea, realizada em 2010 pela fundação Dieta Mediterrânea, está composta por: atividade física regular, descanso adequado, convivência, biodiversidade e sazonalidade, produtos tradicionais, locais e amigos do ambiente; e atividades culinárias. 

Em 4 de Dezembro de 2013 a Unesco a elegeu como patrimônio da humanidade, por trazer “valores de hospitalidade, criatividade e ter papel vital em festividades e celebrações culturais.” Infelizmente, a região do mediterrâneo está passando por uma “transição nutricional”, segundo a FAO, se afastando de sua dieta tradicional que é nutritiva, integrada a cultura locais, ambientalmente sustentável e apoia economias locais. Essa mudança está associada ao aumento do consumo de ultraprocessados. Por consequência, houve aumento de doenças crônicas não transmissíveis na população do mediterrâneo, assim como transformações ambientais. 

 Benefícios da Dieta Mediterrânea 

  • Associada a maior expectativa de vida 
  • Associada a menor incidência de doenças crônicas; 
  • Associada à redução da prevalência de diabetes Mellitus,  
  • Associada à redução da prevalência de Síndrome Metabólica,  
  • Associada à redução prevalência de doenças cardiovasculares,  
  • Associada à prevenção a diversos tipos de câncer 
  • Associada à melhor qualidade de vida. 
  • Associada à redução da pressão arterial. 
  • Anti-inflamatória, opção para manejo de artrite reumatoide  

O que se come na dieta do Mediterrâneo?   

Apesar de ter uma discussão polêmica sobre o que é a dieta mediterrânea entre vários autores, como por exemplo relacionado à inclusão ou não da carne de porco, podemos dizer que a alimentação da dieta mediterrânea é composta majoritariamente por: 

  1. Baixa ingestão de gorduras saturadas de manteiga, leite integral e carnes vermelhas; 
  1. Alto consumo de gorduras monoinsaturadas contidas principalmente em azeite;  
  1. Equilíbrio ácidos graxos poli ômega insaturados adequados (ômega 6 versus 3), principalmente por o consumo de peixe, mariscos e nozes;  
  1. Baixa contribuição de proteína derivada de animais carnes terrestres, especialmente vermelhas;   
  1. Alta ingestão de antioxidantes, presentes em frutas, legumes, vinho, azeite virgem, especiarias e ervas, e  
  1. Alto consumo de fibras, de alimentos de origem vegetal como legumes, frutas, cereais grãos integrais, leguminosas e nozes. 
  2. Baixo consumo de produtos processados 

Exemplo de Cardápio da dieta mediterrânea 

Confira aqui um site com receitas que pode te ajudar nessa jornada!

Dieta mediterrânea brasileira? 

Agora, eis a questão, já que esse padrão alimentar tem demonstrado tantos benefícios, todos deveriam aderir? É possível ter uma dieta mediterrânea no Brasil, ou existe uma dieta mediterrânea brasileira? 

A dieta mediterrânea, pode sim, ser uma opção de padrão alimentar a ser adotado para casos de obesidade, síndrome metabólica, hipertensão arterial, entre outras doenças crônicas não transmissíveis como uma estratégia de tratamento, ou por escolha pessoal. Porém, quando analisamos o conceito desse padrão alimentar como um todo podemos observar que um de seus pilares é cultivar a alimentação local, baseada na sazonalidade e cultura.  

A dieta tradicional brasileira tem grande variedade de frutas, verduras e legumes, sua base também é composta por alimentos in natura, porém assim como no mediterrâneo estamos passando por um processo de transição que infelizmente está relacionado com o aumento dos ultraprocessados, logo, chegamos ao ponto. Será que os brasileiros devem adotar a dieta do mediterrâneo para viver de forma mais saudável ou será que simplesmente aderindo à dieta tradicional, com os alimentos da sazonalidade e seguindo as diretrizes propostas pelo Guia Alimentar da População Brasileira não podemos ter uma melhor qualidade de vida?  

Não se pode deixar de pontuar que quando se pensa em mudanças na alimentação temos que discutir viabilidade financeira também, no Brasil, principalmente no momento em que nos encontramos (2022), comer está caro. Mudanças na alimentação requerem mudanças nos hábitos e aqui entramos também na parte cultural – já que estamos tratamento de um padrão alimentar do outro lado do mundo.  

Mas, apesar de muitas vezes não conseguirmos aplicar a dieta mediterrânea, ela pode sim trazer muitos aprendizados para uma vida mais saudável. Podemos, digamos, fazer uma dieta mediterrânea “abrasileirada” incluindo os princípios da mesma e aplicando em nossa cultura, afinal um de seus princípios é a sazonalidade e a cultura local.

Sendo assim, os princípios da dieta mediterrânea que podem ser levados para a alimentação de modo geral para trazer seus benefícios, adaptando com os alimentos do nosso país seriam: 

  1. A diminuição de gorduras saturadas: para isso, como nosso próprio guia nos orienta devemos diminuir o consumo de carne, assim como de óleos, gorduras, sal e açúcar.  
  1. Alta ingestão de antioxidantes: o guia também propõe que os alimentos in natura ou minimamente processados sejam a base de alimentação, estes são ricos em antioxidantes. 
  1. Alto consumo de fibras: as fibras também se encontram em grande quantidade nos alimentos de origem vegetal.  
  1. Baixo consumo de produtos processados: a regra de ouro do guia é “Prefira sempre alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias a alimentos ultraprocessados” 

Dentro de um contexto com alta prevalência de obesidade, será que a dieta mediterrânea seria o melhor padrão dietético para promover o emagrecimento no Brasil? 

Quando se trata de emagrecimento, não podemos dizer que apenas aderido à uma dieta qualquer vamos ter resultado. O emagrecimento não pode estar desassociado ao déficit calórico, porém temos vários outros componentes que influenciam como comportamento, hormônios, histórico de dietas e de peso, hábitos de vida como sono, entre outros. Logo, não é tão simples. Busque um profissional para lhe ajudar.  

Referências utilizadas:

AMERICAN HEART ASSOCIATION 

ONU 

UNESCO 

DIRETRIZ BRASILEIRA DE PREVENÇÃO CARDIOVASCULAR 

Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica 

https://scielo.conicyt.cl/pdf/rmc/v145n1/art12.pdf http://ww w.scielo.br/pdf/rn/v23n2/v23n2a11.pdf 

https://www.heart.org/en/healthy-living/healthy-eating/eat-smart/nutrition-basics/mediterranean-diet

SILVA, M.L.; VIEIRA, R.C.S. Proposta de adaptação da dieta mediterrânea utilizando alimentos da região amazônica. Rev. Ens. Sa. Biotec. Amaz., v. 2; n. 1, p. 47-62, 2020 

 
GARCIA, Rosa Wanda Diez. A antropologia aplicada às diferentes áreas da nutrição. Antropologia e nutrição: um diálogo possível, p. 287-303, 2005. 

Guia Alimentar da População Brasileira 2° edição, 2014- Ministério da Saúde 

Sobre o autor

Nutricionista Ana Ruiz https://dietbox.me/pt-BR/ana-correa-ruiz

Nutricionista, pesquisadora colaboradora do grupo de pesquisa em Comportamento Alimentar da PUCRS e voluntária da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável. No Dietbox trabalha junto à equipe de Customer Experience.

* O texto é de inteira responsabilidade do(a) autor(a) e não reflete a opinião da empresa. O blog é aberto caso outro(a) profissional queira escrever um contraponto.

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