A sigla PANC significa Plantas Alimentícias não Convencionais, o termo alimentícia, quer dizer que usamos na alimentação e o termo não convencionais, significa que não são produzidas ou consumidas em larga escala. Com espécies cujas partes comestíveis são os tubérculos, folhas, flores, frutos e sementes, Contudo são espécies de grande importância no contexto da Segurança Alimentar e Nutricional, favorecendo a diversidade alimentar e possibilitando alimentação saudável. A caracterização e o resgate do conhecimento tradicional sobre o cultivo e uso de panc’s associado a agrobiodiversidade local contribui para o desenvolvimento regional sustentável. A produção orgânica e a valorização da agrobiodiversidade local são ações de grande importância para o desenvolvimento sustentável de uma região.
Grande número de consumidores vem modificando seus hábitos alimentares e aumentando a busca por alimentos produzidos em sistemas sustentáveis e diversificados de produção, pois levam em consideração as discussões atuais em relação aos impactos ambientais causados pela produção de alimentos.
São espécies da biodiversidade brasileira, servindo de fonte nutricional acessível, quase sempre negligenciadas com o não reconhecimento como alimento, porém também como utilização tradicional, passada de geração em geração, além de serem erroneamente chamada como um simples mato ou “daninha”. Fazem parte da diversidade alimentar da região, discutem que as PANCs não são ofertadas em feiras e supermercados, pois não foram organizadas em cadeias comerciais, não sendo, portanto, reconhecidas como alimento.
Embora muitas espécies ainda necessitem de estudos sistemáticos, agronômicos, bromatológicos e de compostos bioativos, sabe-se que essas plantas requerem manejo simples, dispensando inclusive o uso de insumos químicos, como agrotóxicos e fertilizantes.
Muitas plantas alimentícias não convencionais também são medicinais e têm propriedades nutracêuticas, ou seja, ajudam a prevenir e combater doenças
As PANCs, possuem vitaminas, antioxidantes e outras características importantíssimas para a saúde humana e animal, podendo ser consideradas alimentos funcionais e nutracêuticos. Os teores de minerais das hortaliças não convencionais e frutas nativas apresentam-se superiores às plantas domesticadas, sendo ricas também em fibras e compostos antioxidantes
O desconhecimento sobre a utilidade e formas de uso das plantas alimentícias não convencionais, especialmente as nativas, associado às tendências alimentares “modernas”, resultou no uso reduzido de muitas plantas que faziam parte do cotidiano alimentar dos moradores de zonas rurais e periferias urbanas, principalmente.
Dente-de -leão, Ora-pro-nóbis e outas PANCs e seus benefícios:
Um exemplo de PANC bastante conhecida é o dente-de-leão, cuja as folhas são usadas na medicina popular e na alimentação humana. Seu consumo pode ser na forma crua ou cozida, é uma verdura nutritiva, fonte de vitamina A, nas folhas frescas possui também proteína, lipídios, carboidratos, fibras e minerais.
Outro exemplo é o Ora-pro-nóbis, com conhecido potencial antioxidante, a espécie oferece minerais como manganês, magnésio, ferro, cálcio, além de vitamina C e fibras Um arranjo protetor da imunidade. Outros trabalhos revelam ainda uma grande quantidade de compostos fenólicos que resguardam as artérias. Seu teor proteico, porém, sempre foi o mais alardeado. Ele pode concentrar de 17 a 32% de proteína em matéria seca, e tem ação relevante na microbiota humana.
As PANCs Alfavaca, Capuchinha e Peixinho, também têm papel fundamental como reguladores da saúde.
Alfavaca é reconhecida pelo aroma agradável, é utilizada como condimento e também pelo seu papel na medicina tradicional, seus óleos essenciais conferem propriedades como: anticancerígena, anti-HIV, antipirético, antinociceptivo, antiurolitiático .
A Capuchinha, além das flores coloridas, também são comestíveis as folhas e as sementes. Seu sabor é extremamente picante, similar ao da rúcula e do agrião. Pode ser transformada em molhos, assim como usada em saladas, pestos e omeletes. É uma planta de cultivo simples, que apresenta dentre suas propriedades características antioxidantes.
O Peixinho, também chamada de orelha de coelho e lambari-da-horta, essa folha peludinha é consumida empanada e frita, como um peixe, servida como petisco, em estilo “lambari frito”. Das folhas suculentas e nutritivas pode-se fazer lasanha, massas e até risoto. Sendo uma planta considerada ornamental. Suas propriedades medicinais estão relacionadas aos seus compostos fenólicos e antioxidantes.
Sendo assim, a valorização e a preferência por uma alimentação mais saudável como uma tendência natural, promovem a segurança alimentar e nutricional no seu sentido mais amplo, que combina aspectos biológicos, culturais e sociais. As plantas alimentícias não convencionais encaixam-se nesse contexto de diversidade alimentar e possibilidades de uso delas como alimentos funcionais, ou seja, aqueles que podem favorecer a saúde por beneficiarem o sistema imune. Também são produzidas em sistemas mais sustentáveis, principalmente de produção orgânica de alimentos, promovendo a produção sustentável.
Nutricionista: Anny Schiper
CRN:327788
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