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Comer emocional: a interferência dos sentimentos nas escolhas dos alimentos

Atualmente, o ato de se alimentar deixou de ser somente para satisfazer as necessidades fisiológicas, mas também para satisfazer a vontade de nossas emoções. Nossas emoções têm efeito influenciador na escolha dos alimentos consumidos. Aprendemos desde cedo a usar os alimentos para acalmar, celebrar e confortar em momentos de tristeza e estresse emocional. Sendo assim, é necessário entender o gatilho que está levando ao aparecimento da emoção e tentar solucioná-lo, e que comer compulsivamente pode auxiliar no aparecimento de doenças, decorrente do acúmulo de gordura corporal, o que prejudica a saúde. Resultado desse controle: encontramos o equilíbrio entre corpo e mente.

A conexão entre emoção e comportamento alimentar varia de acordo com o contexto que ocorre. Pode ser observado que as emoções afetam tanto na escolha dos alimentos, como na quantidade e frequência das refeições (LOURENÇO, 2016), o que reflete na qualidade da alimentação. As emoções influenciam de forma mais significativa em pessoas sedentárias do que nas que praticam atividades físicas, sabido que a pratica de atividades físicas leva a uma produção de hormônios do bem-estar. Um grupo especifico de pessoas acaba tendo medo exagerado do ganho de peso, o que os fazem restringir de forma constante sua alimentação, gerando um desequilíbrio alimentar: os chamados transtornos alimentares. Em síntese, o estado emocional que mais influencia o consumo alimentar é a ansiedade. A teoria do emotional eating diz que o sujeito pretende, através da alimentação, encontrar uma forma de estabilizar ou melhorar seu estado emocional (LOURENÇO, 2016).

Comer emocional: qual a conexão da alimentação com as emoções? 

Emoções são experiências que incluem reações orgânicas, bioquímicas e comportamentais.  Estas reações levam a produção de substâncias chamadas neurotransmissores (mensageiros químicos que transmitem impulsos nervosos ao cérebro), e que são capazes de gerar sensações de relaxamento, conforto, motivação, prazer, medo, etc. (PEREIRA, et. al, 2019) sendo responsáveis pelo equilíbrio de nossas emoções. 

Alguns nutrientes dos alimentos são capazes de alterar a produção e o equilíbrio dos neurotransmissores. A sensação do bem-estar, por exemplo, está diretamente ligada a disponibilidade dessas substâncias, que podem ser produzidas as partir dos nutrientes aminoácidos, carboidratos, vitaminas e minerais. Alguns alimentos como aveia, banana, brócolis, ovos, peixes e folhas verdes escuras, possuem os nutrientes que participam da produção dos neurotransmissores. Portanto a escolha dos alimentos que consumimos é de extrema importância para nosso estado emocional. 

Por outro lado, temos a atividade e exercício físico que também pode influenciar na produção desses neurotransmissores. Estudos comprovam que há uma redução nos sintomas de ansiedade e depressão após a pratica de exercícios físicos, bem como também foi observado que ocorre uma melhora no estado do humor devido aumento do consumo de serotonina, o hormônio do bem-estar (MELLO, et., al., 2005). Conclui-se então que os exercícios são capazes de proporcionar uma melhor qualidade de vida.  

A pouca quantidade de alimento ingerido também pode ter um efeito adverso no comportamento alimentar. Somando a pouca quantidade ingerida a falta de nutrientes que auxiliam na formação de neurotransmissores do bem, temos um grande potencial de desenvolvimento de transtornos alimentares. Pessoas que se preocupam de forma demasiada com os alimentos que consomem, tendem a comer de forma descontrolada após um tempo de restrição, e isso gera sentimento de culpa por ter falhado no seu objetivo, acarretando problemas emocionais como a ansiedade e depressão (SOIHET, SILVA, 2019). Em estudo realizado por Borkoles et. al. (2015) foi constatado que a intervenção nutricional não restritiva trouxe maiores benefícios psicológicos, como melhoria do bem-estar e da autoestima, diminuição do estresse, caracterizando um estilo de vida mais saudável (SOIHET, SILVA, 2019). Outros estudos demonstraram ainda que indivíduos que se sujeitam a dietas muito restritivas possuem baixa autoestima, quando comparados com indivíduos com consumo alimentar adequado (SEHM; WARSCHBURGUER, 2018). Sendo assim o acompanhamento nutricional com uma alimentação equilibrada, e muitas vezes somado ao acompanhamento psicológico, é fundamental para se evitar e/ou recuperar de transtornos alimentes.

Quando usamos a alimentação para acalmar nossas emoções, estamos comendo de forma emocional. Ao longo do tempo, psicoterapeutas afirmaram que indivíduos com excesso de peso comem como forma de lidar com suas emoções, como ansiedade e depressão. O emotional eating consiste exatamente nisso, o comer em função das alterações de humor, como tentativa de melhorar ou estabilizar o humor através da comida (LOURENÇO, 2016). Em alguns momentos acreditamos que o ato de comer ira nos salvar das emoções negativas, e este pensamento reforça o vínculo entre emoção e alimentação, o que leva a um círculo vicioso. 

Acredita-se que a alimentação tem um componente adicional, onde alguns alimentos têm propriedades especiais que podem reparar ou melhorar o estado emocional, independente dos nutrientes presentes. Baixos níveis de serotonina estão ligados a depressão e ansiedade, com isso pessoas com distúrbios emocionais buscam os alimentos que contém o triptofano, um aminoácido que interfere positivamente na produção de serotonina, que por sua vez tem influência no sentimento de bem-estar (CARVALHO, et. al., 2017). A falta da serotonina pode trazer sintomas negativos como angustia, tristeza e irritabilidade. Como o organismo não produz triptofano, precisamos obtê-los diretamente da alimentação, sendo assim podemos chamar os alimentos ricos em triptofano de antidepressivos naturais. 

Outros nutrientes dos alimentos também têm impacto positivo no humor, como as vitaminas do complexo B, presente em diversas hortaliças. É interessante o consumo variado dos alimentos para obtenção de todos estes nutrientes citados. Estudos demonstraram que mulheres, principalmente em período menstrual, tem maior apetite por alimentos em especifico, como doces e massas, sendo uma forma de melhorar seu estado emocional pelo aumento nos níveis de serotonina (RODRIGUES; OLIVEIRA, 2006). Vários outros estudos com mulheres mostraram uma relação marcante entre a vontade de consumir doces e o estado ansioso. Pode-se perceber que os alimentos com maiores quantidades de açúcar ajudam a controlar as emoções e consequentemente o humor (PEREIRA, et. al, 2019). Isso acontece porque o carboidrato tem potencial de aumentar o triptofano no cérebro, o que consequentemente aumenta as concentrações de serotonina (MARTINS, 2008). No entanto, devemos escolher alimentos fontes de carboidratos de qualidade e que auxiliem na melhora e manutenção da saúde. 

Para poder ajustar melhor seu planejamento alimentar e poder introduzir de forma certeira esses alimentos que te ajudam na melhora do humor, procure um nutricionista! Ele é o (único) profissional habilitado para te ajudar nesse processo e prescrever um plano alimentar que se enquadre dentro da sua rotina e de seus hábitos. 

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Sobre o autor

nutricionista
Camila Montini https://www.instagram.com/nutricammontini/

Nutricionista: Camila Montini de Almeida - CRN: 47098 ⚡️Especialista em Urgência e Trauma 🏋🏻‍♀️Nutricionista Esportiva Emagrecimento | Hipertrofia | Reeducação alimentar

* O texto é de inteira responsabilidade do(a) autor(a) e não reflete a opinião da empresa. O blog é aberto caso outro(a) profissional queira escrever um contraponto.

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