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Obesidade e inflamação crônica: como a nutrição pode contribuir?

As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) são a principal causa de morbimortalidade globalmente, respondendo por 70% de todas as mortes em todo o mundo. Por isso, são uma das principais prioridades da intervenção das Nações Unidas e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A epidemia de DCNTs e os níveis preocupantes de seus fatores de risco metabólico são motivados pela transição nutricional, à medida que as populações adotam estilos de vida ocidentais. Isso, inclui, por exemplo, padrões alimentares prejudiciais, inatividade física, uso de tabaco e consumo excessivo de álcool.

Dentre as Doenças Crônicas Não Trasmissíveis, a obesidade é um estado patológico resultante do acúmulo de excesso de gordura corporal, principalmente na região abdominal. Ocorre, em suma, devido ao desequilíbrio entre a ingestão de energia e seu gasto, levando o indivíduo a desenvolver excesso de tecido adiposo ao ponto de impactar negativamente na sua saúde.

A relação entre obesidade e inflamação

A obesidade produz vários mediadores inflamatórios no tecido adiposo, implicados nos mecanismos responsáveis pelo desenvolvimento de doenças crônicas associadas à obesidade. Entre eles, por exemplo, resistência à insulina, diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardiovasculares e Esteatose Hepática Não Alcoólica.

Em obesos, ocorre uma resposta do sistema imune, ativada como resposta à inflamação, cujos macrófagos vão aumentando devido a seu recrutamento e exibindo um cenário pró-inflamatório, expressando, assim, citocinas inflamatórias. Esse aumento de macrófagos é devido à inflamação do tecido adiposo que se desloca junto com a obesidade, desenvolvendo resistência à insulina (RI) e à doença metabólica. 

O indivíduo obeso apresenta uma maior secreção de adipocinas pró-inflamatórias (TNF-α, IL-6, IL-8, IL-1) e menor das anti- inflamatórias (IL-10 e AdipoQ), caracterizando a obesidade como uma inflamação crônica que causa grande impacto em diversas funções corporais e ocasiona o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DCV), RI, hipertrigliceridemia e hipercolesterolemia e câncer.

A expressão de citocinas inflamatórias (TNF- α e IL-6) é induzida por quinases do tecido adiposo e hepático. Nos obesos, tem uma expressão aumentada. Essas quinases fazem a regulação de programas de transcrição, como fator nuclear Kappa β (NF- kβ) e fator regulador do Interferon ɣ (IFN-ɣ), induzindo o gene mediador inflamatório. O aumento dessas citocinas eleva a ativação do receptor, estabelecendo um ciclo de feedback positivo da inflamação e de vias metabólicas sinalizadas, tendo o inflamassoma que inicia a resposta inflamatória e receptores Toll-like do sistema imune inato ativados.

Como a nutrição pode ajudar?

A nutrição é um determinante importante da saúde humana, fornecendo os elementos essenciais para o crescimento, desenvolvimento e manutenção de um status saudável ao longo da vida, sendo considerada o fator de risco modificável de maior relevância para a obesidade.

Além dos nutrientes encontrados em frutas e legumes, como vitaminas e minerais essenciais, existem vários componentes derivados de plantas, incluindo, por exemplo, fibras, carotenóides e fitoesteróis, que podem promover saúde. Em particular, a classe de compostos bioativos desses alimentos podem conferir benefícios à saúde, principalmente no que se refere às DCNTs.

Destacam-se os alimentos com propriedades funcionais que atuam na modulação da inflamação e do estresse oxidativo. A inserção desses alimentos que apresentam, em sua composição, compostos bioativos, como polifenóis, catequinas, e flavonoides, contribuindo para a homeostase e o funcionamento normal do organismo. 

Entre os alimentos, destacam-se açafrão, chá-verde, romã, aveia e azeite de oliva como alimentos importantes na prevenção e no tratamento da obesidade, tendo em vista o potencial dos alimentos em modular a inflamação na obesidade.

A prevenção é fundamental para reduzir a mortalidade global devido as Doenças Crônicas como a obesidade. Portanto, é imperativo separar as causas e processos subjacentes da doença, dos fatores de risco e sintomas da doença. Além dos fatores de risco modificáveis, atualmente há um destaque para o processo de inflamação crônica, considerada o fator desencadeante e central na fisiopatologia das DCNTs, o conhecimento das propriedades funcionais dos alimentos é importante por auxiliar os profissionais de Nutrição no planejamento de estratégias para a prevenção e o tratamento da obesidade. 

REFERÊNCIAS:

Oliveira, C. B. C. et al. Obesity: Inflammation and Bioactive Compounds.  J. Health Biol Sci., v. 8, n. 1, p. 1-5, 2020. 

Sung, J. et al. Preventive mechanism of bioactive dietary foods on obesity-related inflammation and diseases. Food Funct., v. 9, n. 608,  2018. 

Tsoupras, A. et al. Inflammation, not cholesterol, is a cause of Chronic Disease. Nutrients, v. 10, n. 604, 2018.

Kimokoti, R. W.; Millen, B. E. Nutrition for the Prevention of Chronic Diseases. Med Clin N Am., v. 100,  p. 1185–1198, 2016. 

Bruins, M. J. et al. The Role of Nutrients in Reducing the Risk for Noncommunicable Diseases during Aging. Nutrients, v. 11, n. 85, 2019.

FRAGA, C. G. et al. The effects of polyphenols and other bioactives on human health. Food Funct., v. 10, n. 514, 2019. 

Nutricionista: Suellen Maria Gonçalves Matias

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